sexta-feira, 27 de maio de 2011

3096 dias

- por Fer
Tem alguém aí sentindo falta das indicações de livros do Poison Ivy? Pois bem! Minha recomendação vai para o livro cuja capa você está vendo: 3096 dias.

Talvez você não se lembre, mas provavelmente já viu na mídia algo sobre uma criança que foi mantida em cativeiro no porão de uma casa há algum tempo atrás. Essa é a história de Natascha Kampusch, que sofreu o destino mais terrível que poderia ocorrer a uma criança: em 2 de março de 1998, aos 10 anos, foi sequestrada a caminho da escola. O sequestrador – o engenheiro de telecomunicações Wolfgang Priklopil, a manteve prisioneira em um cativeiro no porão durante 3.096 dias. Nesse período, ela foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico e precisou encontrar forças dentro de si para não se entregar ao desespero.

Agora, ao 22 anos e pela primeira vez após 4 anos, Natascha Kampusch falou abertamente sobre o sequestro, o período no cativeiro, seu relacionamento com o sequestrador e, sobretudo, como conseguiu escapar do inferno, permitindo ao leitor compreender os processos de transformação psicológica pelos quais passa uma pessoa mantida em cativeiro, sofrendo todo tipo de agressão física e mental imaginável.
Strasshof, o cenário dessa triste história, é um lugar sem cara e nem coração. Uma cidade dormitório no subúrbio de Viena. Os moradores passam o dia longe de casa e os vizinhos não se conhecem. Era uma casa como outra qualquer. Os entregadores iam, apertavam a campainha, os correios deixavam as cartas normalmente. Até a polícia esteve lá e nunca desconfiou de nada. No térreo e no primeiro andar, vivia um homem solitário. No porão, ele mantinha uma escrava que era espancada, torturada física e mentalmente. Em uma cela de concreto, Natascha Kampusch resistiu por 3.096 dias. 
"23 de agosto de 2005: pelo menos 60 tapas no rosto. De 10 a 15 socos na cabeça que me deixaram com náusea." 

A Áustria se comoveu com a história desde o desaparecimento da menina, em 1998. Quando completou 10 anos de idade, Natascha estava muito feliz. Ela tinha conquistado o direito de ir sozinha para a escola. Não parecia haver perigo: uma caminhada de uns 15 minutos por ruas tranquilas. Mas, no primeiro dia em que fazia esse trajeto, o caminho de Natascha foi interrompido. Ela foi abordada por um estranho e jogada dentro de uma van. 


A polícia cometeu erros na investigação. Chegou a suspeitar do homem certo, visitou a casa, mas não encontrou o cativeiro. Ficava embaixo da garagem, fechado por uma porta de concreto de 150 quilos. Um espaço de 5 metros quadrados sem luz natural com um vaso sanitário e uma pia, onde Natascha tomava banho. 

Ela diz que não sofreu violência sexual, mas muitas vezes era obrigada a dormir algemada, abraçada ao sequestrador. Limpava e ajudava a reformar a casa, semi-nua, e quase sem ter o que comer. 
“Cheguei a pesar 38 quilos, quando eu tinha 16 anos e 1,75 m de altura.”
Com o tempo, o sequestrador permitiu que a menina ajudasse a cuidar do jardim, um lugar cercado e protegido dos olhares curiosos. Ela aproveitou a oportunidade. 

A casa está abandonada desde 23 de agosto de 2006. Naquele dia, depois de oito anos e meio, o sequestrador se distraiu pela primeira vez e Natascha escapou pela rua. 

No primeiro contato com o mundo exterior, um novo choque: 
“Avistei uma senhora através de uma janela aberta em uma das casas. ‘Chame a polícia, fui sequestrada. Meu nome é Natascha Kampusch’. A mulher respondeu: ‘por que você veio justamente na minha casa? Espere na cerca viva e não pise no gramado!’” 
Mesmo em liberdade, ela não encontrou a vida que levava antes. Se dá bem com a mãe, mas há dois anos não fala com o pai. Mora sozinha em um apartamento, em Viena, e ganhou na Justiça a casa em que ficou presa. Ela diz que tomou essa decisão para evitar que o lugar se transformasse em um museu macabro. 


Natascha: A cela subterrânea vai ser fechada com terra. Em relação ao resto, ainda não sei o que farei. Certamente não voltarei a morar lá. 


Wolfang se matou no dia em que Natascha fugiu. A polícia diz que ela chorou muito ao saber da morte do sequestrador. 

Natascha: Só ao escrever o livro me dei conta de como era horrível e absurda a situação em que ele me colocou. Hoje tenho uma imagem pior do sequestrador do que no dia em que fugi. 

Saber o que se passou durante esse período dever ser, no mínimo, intrigante. É mais um livro que vai para a minha lista de "quero ler", mas confesso que não tenho tido muito tempo ultimamente. 


Para os interessados, a obra está avaliada em R$19,90 no Submarino. Corre lá, aproveita e já compra dois livros: um para você ler e outro que você, sendo essa pessoa tão querida, certamente me dará me presente.

give me some poison, baby!

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