- por Nanda
Depois de hoje, agradecerei todos os dias às pessoas que desenvolvem cada dia mais a tecnologia que nós usamos. Agradecerei à pessoa que criou o notebook (e quem melhora cada vez mais a bateria), agradecerei ao Wi-Fi e ao 3G (à essas pessoas nem tanto, já que estou escrevendo no bloco de notas pra não haver o problema de cair a internet e perder todo o texto). Mas, enfim. O ponto do post não é esse.
Hoje fui numa livraria. Não procurava um livro específico porque só estava acompanhando meus pais. Achei o livro da Clarice Lispector que queria: "Crônicas de amor e amizade, para jovens". Sentei-me naqueles puffs coloridos na ala de livros de crianças e comecei a lê-lo enquanto não me chamavam pra ir embora, Ouvindo o DVD do Camp Rock 2 que tocava numa televisão LCD ali perto de mim.
Depois de umas duas crônicas completamente aprofundadas no assunto 'amor de cada dia', me identifiquei com alguns aspectos da escritora. Não apenas no modo de escrever mas também nos sentimentos dela presentes em cada palavra que eu lia. Algumas crianças passavam por mim e ficavam me olhando com uma cara assustada quando eu ria alto.
A crônica mais interessante foi na qual ela comentou o que as mulheres acham interessantes. Mulheres falam que se preocupam com meio ambiente, com moda, maquiagem, ginástica... Queremos ter um emprego legal, sermos bem sucedidas e rezamos para ter dinheiro sem precisar de marido algum. Queremos viajar o máximo possível e aprender tudo o que achamos que precisamos no menos período de tempo para que possamos usufruir desses conhecimentos o máximo. Mas se depararmos com um cara legal, bonito e carinhoso desistimos de tudo o que sempre pensamos querer. Mudamos nossos planos completamente e nem pensamos naqueles antigos porque com uma pessoa desse jeito ao nosso lado parece que todos nossos sonhos já foram realizados. E ela disse ainda na crônica que mulheres fingem que não ligam, mas tudo o que pensam são sobre e para os homens. E homens também são assim. Se perguntarmos à eles o que realmente importa na vida eles dirão: mulheres!
Depois da minha experiência de vida com Clarice Lispector, quero apresentá-la a vocês.
Temperamento impulsivo
“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
Lúcida em excesso
“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.”.
Ideal de vida
“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.
O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.
É pouco, é muito pouco.”
p.s.: Desculpe a falta de imagens.
give me some poison, baby!
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