sábado, 16 de outubro de 2010

O desdém dos finados

- por Fer

Que saudades, meus queridos! Como estão? Primeiramente peço-lhes desculpas pelo atraso do meus post, mas a verdade é que só agora eu tive um tempinho para sentar aqui e compartilhar minhas ideias com vocês. Sabe como é a vida, né? Mas vamos ao post!

Acredito que sou uma das poucas pessoas da minha classe que realmente presta atenção nas aulas de literatura. A maioria não vê nenhum propósito em estudar antigos autores e os períodos de suas respectivas obras, mas para felicidade da minha professora, eu me interesso. E muito!

Sonetos, poesias, frases, pensamentos, poemas, pequenos textos e obras completas. Parnasianismo, Realismo, Regionalismo, Naturalismo, Barroco, Arcadismo, Pré-modernismo, e as várias fases do Modernismo. Um passado rico em cultura ansiando por tocar sua curiosidade, te instigando a descobrir os mistérios da vasta literatura portuguesa.

São muitos períodos, muitas obras e muitos autores. Querer conhecer tudo dos pés à cabeça levaria um bom tempo, mas seria muito interessante. Quem me dera um dia adquirir isso tudo!

Não há dúvidas de que o queridinho da literatura portuguesa é Machado de Assis. Quem diria que um homem de saúde frágil, epilético e gago teria uma mente tão brilhante, que mais tarde conseguiria  gerações de leitores assíduos. Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.  ...  Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, a força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.
Memórias póstumas de Brás Cubas
give me some poison, baby!

Um comentário:

Rafael disse...

Também sou um dos únicos da sala que se interessa e presta atenção nas aulas de Literatura! =P
Gosto pra caramba de livros e dos sonetos (principalmente os do Vinicius de Moraes)
Meu pai tem um monte de livros do Machado de Assis aqui em casa. Eu já tentei ler Dom Casmurro várias vezes... mas a linguagem é complicada demais. Tipo... eu entendo o que ele diz, mas cansa ficar pensando demais em "o que essa palavra significa".

Em relação a poesia, eu prefiro às antigas... mas em relação os livros, gosto mais dos mais novos e mais diretos. hsuahsuahsuha