sábado, 17 de abril de 2010

To be or not to be?

- por Fer

Ser ou não ser, eis a questão (no original, To be or not to be, that's the question) é uma frase muito famosa e dita por aí. O problema está em que as pessoas usam ela em contextos tão.. nada a ver, que ela acaba perdendo seu sentido original, digamos assim. Aposto que essas pessoas, em sua tamanha ignorância, nunca sequer ouviram falar de Hamlet, e que se eu contar que Hamlet é uma peça de William Shakespeare, logo irão se fazer de entendidas e cultas afirmando "ah sim, aquela do Cheiquispir...". WHATEVER, como Poison Ivy é gatinho e é cult, vou explicar de onde surgiu a frase e seu contexto original. E mesmo que você já saiba, certamente irá ler o post também. Informação nunca é demais.

A famosa frase Ser ou não ser, eis a questão vem da peça A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare. Encontra-se no Ato III, Cena I e é frequentemente usada como um fundo filosófico profundo. Sem dúvida alguma, é uma das mais famosas frases da literatura mundial. O verso, citado pelo personagem principal Hamlet, é o seguinte:
*segue abaixo uma parte de uma poesia grande e escrita de uma forma bem cult. peço para que desperte o eu-lírico que existe em você e tente entender a mensagem escrita nessas linhas*

  Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
(...)    

Particularmente, adoro poesias. Os poetas se expressam de uma forma mais misteriosa, sem dizer diretamente o que pensam, e para entender, é preciso pensar e refletir um pouco (o que faz com que seja um número menor de pessoas interessadas em poesia, visto que os que são mais ignorantes não têm capacidade para entender os versos). E vocês sabem que mistério é charme e que charme atrai, certo?



give me some poison, baby!

Um comentário:

Andressa Bruske disse...

bem legal o post, o Poison Ivy também é cultura né o/
bjs :*