segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um Lugar Melhor

- por Nanda

Imagem meramente ilustrativa

Ontem eu estava procurando alguma coisa no meio de umas gavetas no meu quarto e encontrei um montão de papéis. Minha irmã tinha deixado tudo bagunçado porque há alguns dias ela estava procurando um trabalho de geografia que a professora não deu nota à ela. Quando fui colocar a papelada no chão, uma folha foi mais longe e era uma crônica escrita pela minha irmã. E, acreditem ou não, eu chorei no final da crônica. Com a autorização dela, vou postá-la aqui pra vocês, com as correções da professora.

Um Lugar Melhor
- Que barulho é esse? - perguntou minha mãe, confusa.
Eu e minha irmã corremos até ela. Ouvimos barulhos, como patas batendo na porta da frente. Nós duas abrimos a porta e encontramos uma cachorrinha magrinha, chorando e se debatendo. Ela parecia estar desesperada.
- Olha só, mãe! - eu gritei.
Minha mãe foi ver o que estava acontecendo e viu aquela cachorrinha. Ela não disse nada, apenas ficou olhando. Depois, meu pai chegou e viu aquele bichinho indefeso. Depois de ficarmos um pouco com a cachorrinha, eu e minha irmã pedimos para ficar com ela.
- Por favor! - implorávamos.
Deois de um tempo, meus pais decidiram que sim. Eles nos deixariam ficar com o animalzinho. Vou confessar que nunca havia visto meu pai daquele jeito, tipo "manteiga derretida". Mas eu fiquei feliz e minha irmã também. Nós decidimos que ele - nós achávamos que a cachorrinha era menino - se chamaria Frankie.

Nós passamos o dia inteiro brincando com ela. Era domingo, e isso queria dizer que no dia seguinte, tínhamos aula. Deixamos ela lá fora, com um jornalzinho estendido e uma caminha que nós mesmas fizemos com panos.
Na manhã seguinte, acordamos e fomos para a escola, enquanto o animalzinho dormia, tranquilo. E quando eu e minha irmã chegamos, a cachorrinha estava esperando no portão. Se abríssemos, ela sairia. Então nossa empregada veio nos ajudar. Enquanto nos ajudava, ela disse:
- O Frankie é menina! Vão ter que chamá-la de Franca.
Nós três rimos. E quando entramos em casa, encontramos meu pai com um papel na mão. Era um tipo de certificado, para identificar a cachorrinha.
- Foram no veterinário? - eu perguntei.
- Sim. O Frankie é menina, sabia? Coloquei o nome nela de Amy.
- Amy?! Adorei! - eu disse, animada.
As noites com a Amy eram agitadas, já que ela parecia ter medo de ficar para fora de casa. Então, um dia decidimos que ela iria ficar dentro de casa. Minha mãe arrumou jornais e fez uma casinha para ela no nosso quarto. O cheiro era meio desagradável, mas nós cedemos. Começamos a levá-la no veterinário, e a veterinária disse que ela era meio doente, então teríamos que dar algumas injeções e cuidar muito bem dela, já que ela era da rua. Passamos uma semana inteira a levando no veterinário. Havia alguns dias em que Amy ficava em uma caixa grande com panos dentro, dormindo. Ela chegou numa sexta-feira e foi embora em outra. Foi muito triste porque eu e minha família realmente amávamos ela. Ela era muito fraquinha e acabou falecendo. Nós sentimos muito a falta dela mas ela estava em um lugar melhor. Muito melhor do que o nosso.
por Bruna Tostes

Fora tudo isso que minha irmã escreveu, aquela cadelinha uniu nossa família. Ela chegou num dia muito frio e era tão fraquinha (fora o odorzinho de cachorro de rua) que fez com que meus pais torcessem o nariz da primeira vez. Mas logo que eles levaram-na no veterinário, ela já fazia parte da família. Minha mãe cozinhava para ela, meu pai fazia inalação todas as noites, minha irmã estava sempre ao lado dela, brincando e fazendo o que pudesse para ajudar e eu estava sempre dando-lhe soro (com gostinho de maçã). Além disso, ela ainda dormia comigo. Minha irmã provavelmente não se lembra disso, mas todas as noites aquela coisinha vinha chorando querendo subir na minha cama para dormir comigo. Como era época de inverno, ela vinha me dar 'um beijinho' de boa noite e entrava por baixo dos meus cobertores e ficava no meio das minhas pernas, onde era mais quentinho. E, no meio da noite, quando ela precisava 'ir ao banheiro', ela vinha me lamber para eu colocá-la no chão, ia no jornal que eu já deixava pronto pra ela e se aliviava. Aí ela esperava eu limpar tudo e quando eu ia pra minha cama, ela subia junto comigo e ia direto para as minhas pernas.

No dia em que ela morreu, de um jeito estranho, ela se despediu de mim e da minha irmã antes. Ela estava deitada na sala comigo e começou a chorar. Imaginei que quisesse fazer xixi ou algo assim. Ela foi até o quarto, chorou para minha irmã até que ela a pegasse no colo e chamou a Bruna para que viesse até a sala, onde eu estava. Se aconchegou no meu colo e a respiraçãozinha dela foi ficando muito fraca até que parou. Quando a Bruna viu minhas lágrimas caindo, ela também começou a chorar. Nós ligamos para minha mãe que estava no trabalho e a avisamos, que veio para casa. Nós a enterramos no quintal. Nós não esperávamos que ela fosse chegar ou que nossos pais deixassem que a gente ficasse com ela. Mas a Amy, sem querer, mudou nós 4.

give me some poison, baby!

Nenhum comentário: