terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nostalgia

- por Nanda


Ontem, olhando para meu mural de fotos, eu percebi uma coisa: eu sinto falta da minha infância. Eu tinha tudo o que eu queria quando era mais nova. Eu tinha uma moto, tinha os óculos mais legais, podia falar qualquer coisa que ninguém me julgava, só riam. Achavam que tudo o que eu dizia era brincadeira. Eu tinha as roupas mais descoladas. Brincava horas no dia e não cansava. Quando chegava a hora de dormir, não tinha hora pra acordar. Podia assistir quantos filmes infantis eu quisesse. Podia correr peladinha pela casa que ninguém ia falar nada. Não me preocupava com provas ou tarefas de casa. Minha única tarefa de casa era brincar, brincar e brincar.

Quando chegava o Natal minha ansiedade crescia. Era como se, a pouca esperança que eu tinha perdido durante o ano, voltasse inteiramente e mais forte. Aquele gordo vestido de vermelho era a maior alegria, afinal, ele traria presentes pra mim. No meu aniversário eu não me preocupava com que tipo de bebida teria que comprar contanto que tivesse docinhos. E meus amigos iam às minhas festas porque gostavam de mim, não porque tinha 'bebida de graça'. O Carnaval não significava nada além de colocar uma fantasia fora da época de Halloween e sair na rua, ficar pulando pela casa ou fingindo que sabia sambar com a 'Globeleza'.

Quando chegava a Páscoa eu sabia que não precisava escolher nenhum ovo em especial. O coelhinho trazia o meu ovo preferido, com o brinquedo mais legal. E ainda deixava suas pegadinhas pela casa para que eu pudesse procurar meus ovos. Nas férias eu só tinha um compromisso: brincar. Não ficava pensando nas festas que eu poderia ir ou em qual casa passaríamos a tarde. Só sair pra rua já satisfazia completamente minha vontade. E, quando chegava dezembro, começava tudo novamente.

Pode parecer meio "rotina anual", mas e daí? Era o que eu gostava. E, quando eu era criança, não ligava para rotinas. Pra mim, se eu acordasse e colocasse uma roupa diferente do dia anterior, já teria sido totalmente diferente. Talvez eu não tenha conseguido acompanhar meu crescimento na idade e minha mente tenha ficado para trás. Talvez seja só uma saudade por ver tantas crianças com os olhinhos brilhando nessa época do ano. Ou talvez eu tenha sentido uma nostalgia quando vi a foto da minha infância mais legal: eu sentada na minha motoca, de chupeta na boca, óculos escuros, mochila nas costas e tênis da Minnie.

Pena que eu não posso voltar no tempo.
give me some poison, baby!

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